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  • ryacelines

Estou pensando sobre trans-formação

E como nos vendem ela de maneira falsa é bela sim, mas pode ser uma desgraça é fera livre em plena e constante caça Sempre deixa pra trás uma carcaça Estou pensando que ela é um take de 3 min No ar da sua graça, chega pro outro e pra mim Foi ela quem me incendiou e me deixou assim E vai ter bis, pois transformação não tem fim E o pior é que mesmo assim, dá medo de deixar Aquilo que não tem nome, nem algum lugar Que se foi, do esqueleto ao pó, e não vai voltar Que morreu, e eu ainda insisto em amar Estava vendo um filme Mentira, não foi filme nenhum! Quem vê filme no ritmo agitado do século vinte e um? Além da virada de século, ritmo e cultura, o prazer de ver um bom filme só se manteve em alguns. Ainda vejo filmes, não quero ser hipócrita, mas confesso que me entreguei a febre dos vídeos rápidos. Sim, eu li o alerta dos neurocientistas, mas minha pergunta é: Você come açúcar? Exato! Come along with me e vamos aceitar o fardo e a satisfação de sermos conscientemente medíocres, propositalmente adoecidos, enquanto comemos uma fatia diária de bolo chocolatudo e assistimos uma sequência de vídeos que tenham de 30 segundos a 1 minuto, durante 5 horas por dia, no TikTok ou Instagram. “Ah, mas eu vou mudar!” Claro, vamos todos. Enfim! Eu não estava vendo filme nenhum, quem vê filmes em 2023?! (eu vejo) Eu estava sim vendo um reels, daqueles que duram mais de um minuto e logo te cansam, pois algo mais rápido seria mais satisfatório. Eeesse reels mostrava uma cigarra vermelha passando pela metamorfose, e a pobre coitada, submetida pelas leis da natureza, estava mudando. Eu até entendo que aparentemente seja do senso comum, a mudança e sua aceitação, mas convenhamos que não é não, pois a mudança nos evoca um medo terrível. Tal qual nossa apatia frente aos males prazerosos, frente aos vídeos rápidos de um minuto, frente as fatias diárias e calóricas de bolos chocolatudos, frente ao cigarrinho depois de um dia merda, frente aos conselhos daquela sua professora velha e chata que gritava pra sala toda: “Se continuarem assim não vão ser ninguém na vida!” (Marina, precisei citar pelo entretenimento), também há nossa apatia frente às dores recorrentes da relutância à mudança. A crueldade da nossa natureza humana, ambígua, que se pende muito ao racional não vai ser melhor que um tecnocrata de 40 anos com uma família triste e riqueza “invejável”, se for o contrário, pesando no emocional, vai se equiparar a uma artista desacreditada, com 55 anos e uma filosofia de bar memorável. É, uma cigarra tem todo esse poder… Mexeu comigo de tal forma que precisei correr para o computador e despejar todos os insights e flutuações que aquela coisinha, menor que minha palma da mão, me causou.

Transformação é um bicho bravo que nos invade e nos consome. De repente, não se usa mais a mesma roupa, não se tem os mesmos amigos, a mesma idade, o mesmo nome.


Tentamos agir como se não fôssemos natureza, acreditando que nosso racional está aqui para domar, e a fera para obedecer. Quem quer ser consumido? Preferimos a trama da corrida eterna, fugindo da dita fera, que caso nos pegue, vai nos matar. No fim, nosso medo de mudar é mais um medo de morrer! Achamos que não somos nada, se já não somos como nos acostumamos a ser.

A respiração ofegante e o medo alucinante nos distraem da única constante: Na natureza, as transformações são equilíbrio do viver.


Rendição não te pede ação, te pede silêncio e aceitação.

Essa é a lógica da transformação, o sim sob o não.


Então sejamos mais como a cigarra, a bendita cigarra que me fez respirar e aceitar que estou mudando, e que provavelmente vou estar na metamorfose de mim por um longo período, pois assim é a natureza, assim é a vida.

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Cri… Cri… Cri…

“Tudo que é vivo, muda” - Fada Efe: https://www.instagram.com/efegodoy/



- Arcano Maior de número 13, A Morte -

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